Em 1982 abria no Porto a Creche e Jardim de Infância da Obra Social do Ministério das Obras Públicas a OSMOP. A velha fábrica de tabacos da Rua Costa Cabral renascia numa especial manufatura de acompanhar gente pequena na descoberta do grande mundo. Terão sido mais de mil desde então.

Deu o mundo entretanto muitas voltas, o Estado minga e reconfigura as suas funções na sociedade e a OSMOPE transforma-se em Instituição Particular de Solidariedade Social, transformando o nome em conteúdo daquilo que faz: pontes educativas para por em movimento o muito de rigidez e rotina que existe nas nossas escolas. Pontes são dispositivos que unem, que põem relação e que permitem aceder de uns lugares aos outros, conhecer, ir ao futuro, caminhar de uma pessoa a outra que é o mesmo que dizer, de um universo a outro. Essa é a matéria-prima da educação.

Têm sido anos a experimentar e a consolidar experiências sobre como descobrir curiosidade e atenção sobre o que somos em sociedade e os lugares e pensamentos que habitamos – a cidade enquanto casa comum. Este é o edifício da alegria, como Eduardo Prado Coelho uma vez chamou à construção do pensamento.

A marca da casa é tão luminosa como a claraboia da nossa entrada: educar com os sentidos e as emoções todas, a visão, a escuta, o paladar, o conflito, a generosidade, a imaginação, o respeito pelo outro, o extraordinário que há na individualidade de cada um e o importante que isso é para que haja partilha e sentimento de pertença aos nossos coletivos: a família, a escola, os amigos, os valores, as coisas materiais e a cidade como lugar de muitas e variegadas gentes, como dizia Fernão Lopes há muito e ainda não foi desmentido.

A ideia de Resort Educativo presente no conceito de alguns jardins de infância da atualidade – seguro, asséptico, separado do mundo e do meio envolvente e reprodutor de aprendizagens ditas educativas – serve somente a uma sociedade ambígua com graves problemas de comunicação, subordinada a propósitos de exclusão ou de elitização social.

Berény, 2010